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Café “Entre Estantes”: Decifra-me ou beba-me…

Thiago Sousa

Falar sobre café é algo que pode render horas e até dias de uma empolgante conversa!

Tive a incrível oportunidade de participar de um delicioso evento chamado Entre Estantes & Panelas, realizado pela Livraria Cultura, de São Paulo, sob curadoria de Alex Atala e Carlos Alberto Dória, e tendo como timoneira a Companheira de Viagem Janaína Fidalgo e sua fiel escudeira, a Camila Dias. O conceito básico do Entre Estantes é o de promover um descontraído bate-papo sobre temas que falem de comida, bebida e cultura, abrindo diferentes perspectivas para um público bem eclético.

Na edição do última dia 14 de junho, num frio final de tarde paulistano, estiveram comigo a Isabela Raposeiras, do Coffee Lab, a Geórgia Franco, do Lucca Café, e a Cristina Assumpção, do Atelier do Café, com mediação da Companheira de Viagem Giuliana Bastos, para falar de café.

A cafeicultura tem fortes laços com as pessoas no Brasil, pois, cultivada desde o Século XVIII e com mais de 300 mil produtores nas mais diversas regiões, quase todas as pessoas conhecem alguém ligado a esse mundo. Afinal, o Brasil assumiu a posição de maior produtor mundial de café desde a virada do Século XIX, coincidindo com o fim da escravidão em nosso país. E, certamente, esta era a principal razão para moldar o perfil de consumo que até hoje é dominante entre os brasileiros.

Os chamados países desenvolvidos e economicamente dominantes desde antigamente (entenda-se países europeus) fizeram a disseminação das sementes desde a África até as Antilhas, depois de passar pelo Sudeste Asiático, estimulando seu plantio para abastecer um crescente mercado nas frias localidades do norte do mundo. Com grande parte de sua extensão entre os trópicos, o Brasil se mostrou perfeito para o cultivo do café, cuja bebida é considerada como combustível para idéias Iluministas, revolucionariamente antimonarquistas e mesmo industrialmente revolucionárias. Produção agrícola em massivos volumes foi a vocação de sempre do Brasil, desde o Ciclo da Cana de Açúcar.

Quem compra tem o direito de escolha. Assim funciona o mercado.

Quando você está fazendo compras, negociar o valor no momento de efetuar o pagamento faz parte do ritual do comércio e cujos pequenos blefes podem desencadear, no mínimo, a percepção do limite dos descontos que o vendedor pode conceder. E é natural que a escolha do comprador sempre recai perante o artigo perfeito. Afinal, produto defeituoso é para ser trocado ou devolvido.

Portanto, como país essencialmente produtor, o Brasil sempre vendeu os melhores grãos de café, ficando para o consumo interno, que inclusive no jargão usado pelos comerciantes de café cru é o termo que dá o tom da temerosa baixa qualidade reinante nesse produto, o restante. E entenda-se o resto como cafés com fermentações indesejáveis, grãos contaminados por terra, mofados e por vezes recheados por cascas e outras impurezas.

Hoje nosso país está no limiar de atingir o posto de maior consumidor mundial de café. Uau!

Isso tem grandes implicações, sim. Com a estabilidade da economia, o fim do controle de preços por parte do governo federal sobre produtos da chamada Cesta Básica, o aumento da renda geral do povo tupiniquim, além da abertura dos portos e mercado às nações amigas, adicionando-se a impressionante urbanização da população brasileira, o perfil de consumo também começou a mudar. Cafezinho preparado nas cafeteiras de coador de pano exclusivamente oferecido em padarias foi perdendo espaço para novos locais de consumo, as cafeterias, isso sem mencionar a enorme oferta de tipos de serviço que vieram a reboque.

Portanto, o Brasil é um mercado de consumo em franco desenvolvimento e hoje é normal se encontrar excepcionais lotes de café servidos em muitas dessas casas. Porém, há um longo caminho a percorrer e que passa, obrigatoriamente, por um processo educativo forte e contínuo do consumidor. Falar mais e mais de café, sobre origens, modos de preparo, tipos de bebida, selos de qualidade, certificações, baristas, espressos,cappuccinos, degustadores, especialistas e até Cartas de Café, é muuuito bom!

Conhecimento traz maturidade e o que chamo de Consumo Consciente. Não por modismo, mas por prazer e por saber o que está sendo consumido. Procurando saber um pouco sobre a origem, como foi feito e quem fez.

E eventos como o Entre Estantes ajudam pelo efeito multiplicador que provoca entre aqueles que o assistem.

Bravo!