Bebi e gostei! – 4: Café Orfeu.
Daniel Kondo
O jequitibá é uma das árvores mais imponentes entre as nativas do Brasil, com uma arquitetura muito particular: tronco irretocavelmente reto e a copa que se abre de forma elegante. Atinge até 50 m de altura, conferindo um visual sempre exuberante.
E foi justamente a fácil de se reconhecer silhueta do jequitibá a escolhida para compor a inconfundível logo do Café Orfeu, como pode ser visto nesta foto ao lado.
Originalmente, Orfeu faz parte de um dos mais interessantes mitos populares da cultura ocidental. Filho da união de uma musa, Calíope, com o deus Apolo, Orfeu tinha o dom da música, encantando a todos com os sons que tirava ao cingir as delicadas cordas da harpa dada pelo seu pai.
Preparado pelo Paulinho, uma pessoa que surpreende pelo carinho com que tira cada dose de espresso e funcionário antigo da Fazenda Sertãozinho, experimentei um curto e fiquei simplesmente cativado.
As primeiras notas aromáticas vieram rápidas e intensas com toques cítricos adocicados e um elegante fundo a nozes e avelãs.
O crema estava consistente e tinha coloração delicadamente avermelhada com belo tigrado.
O sabor tinha um primeiro ataque cítrico adocicado, lembrando um pouco o limão galego, seguido de um complexo de frutas secas como amêndoas e nozes, talvez ressaltado pelos óleos que estavam presentes em profusão, e fundo a caramelo que lembrou a casca deliciosamente quebradiça de um creme brulle.
Encorpado, além de demonstrar muito equilíbrio com a acidez adocicada e o complexo sabor. Ah, e o mais importante: sem amargor.
Pedi novamente um segundo shot, novamente curto (que é o meu preferido neste serviço), e a experiência se repetiu.
Ao conversar com a Ana Cecília, da Fazenda Sertãozinho, que produz e faz a torrefação do Café Orfeu, sobre o que percebi na xícara, ela me confidenciou que se tratava de um lote muito especial, cujoblend continha parte de um lote que foi finalista no último Cup of Excellence Brasil.
Segredo revelado, bebida coerente.
Bem, diria que foi uma experiência sinestésica, ou seja, quando você sente algo com mais de um sentido em combinação!
Visão, Olfato e Paladar foram devidamente estimulados.
E, pelo fato de ter o nome Orfeu, até os aromas e sabores ganharam função de notas e andamento de uma peça musical.
Nesta foto, Zé Renato e Ana Cecília posam com um pacote do Café Orfeu desse precioso lote.
Que recomendo que seja apreciado, tão logo saiba que ele está sendo servido. Assim, peça ao barista para inspiradamente tirar um espresso.
Garanto que será uma bela experiência!