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São Paulo

The Coffee Traveler by Ensei Neto

MERCADO

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Ética e Futuro

Ensei Uejo Neto

O início das grandes mudanças na cadeia de comercialização dos produtos alimentícios foi o evento do Mal da Vaca Louca, no final dos anos 1990, que era uma doença que se disseminou na Europa em razão do consumo de carne de gado confinado e alimentado com os restos processados de seus próprios pares. 

Foi um choque para a imensa maioria dos consumidores saber que a carne contaminada era de um animal alimentado de partes de um outro que já havia se tornado bife. Essa comoção fez com que algumas redes de varejo se sentissem imediatamente à beira do precipício, porque para todo o consumidor, atribuir a responsabilidade em relação à qualidade do alimento comprado é do estabelecimento. 

A saída para isso seria criar um sistema onde o caminho feito pelo produto pudesse ser monitorado para saber quem e como produziu, quem transportou, como foi armazenado e, finalmente, quando ficou exposto na prateleira. Foram as bases para um sistema de certificação de produção e de rastreabilidade do produto.

Sistema de Rastreabilidade identificando produtor, Japão.

Sistema de Rastreabilidade identificando produtor, Japão.

Assim, diversos sistemas de certificação foram surgindo, cada um com um enfoque específico, mas todos seguindo uma mesma linha mestra: estabelecer parâmetros de processos, definir os procedimentos de execução e ter rastreabilidade. 

A introdução dos sistemas de certificação trouxe enorme transformação no campo, permitindo que produtores com maior capacidade de atualização técnica e administrativa alçassem voos mais altos. Por coincidência, nesse mesmo período o setor agrícola brasileiro ganhou grande relevância mundial em diversos segmentos como fruto do investimento em ativos intelectuais.

Produtor participante do Certiminas Café, Programa de Certificação de Minas Gerais.

Produtor participante do Certiminas Café, Programa de Certificação de Minas Gerais.

 O campo teve de aprender a preencher planilhas e reter dados de produção, algo simples e corriqueiro entre pessoas acostumadas a trabalhar com Excel, mas muito distante da realidade de muitos que mal sabiam assinar o próprio nome. A verdade é que o abismo entre uma elite de produtores altamente preparados e aqueles que mal conseguem explorar o potencial de um smartphone e seus aplicativos se aprofundou. Nestes tempos pandêmicos, elementos como o distanciamento social, o maior cuidado e atenção à saúde de todos os participantes de uma cadeia produtiva, têm promovido forte entrada de tecnologias de mínimo contato como drones, teleconferências, monitoramento de fertilidade do solo por meio remoto e muito mais.

A questão central é como diminuir essa distância, dando mais acesso aos “sem acesso” ou quase?

Esse tipo de capacitação, que em fundamento é um processo de educação, gradativamente vem sendo assumido pela iniciativa privada, num claro movimento preventivo de manutenção da cadeia produtiva. Os produtos agrícolas continuam como importantes ativos estratégicos do mercado.

Diversas empresas compreenderam a importância de exercer o papel de provedora de capacitação aos produtores que já trabalham em comunidades ou que possam vir a se organizar dessa forma. O grande desafio é saber qual o melhor modelo de treinamento e capacitação a ser oferecido.

Treinamento de torra de café em “bolinha”, Divinolândia, SP.

Treinamento de torra de café em “bolinha”, Divinolândia, SP.

A base científica é fundamental, porém deve ser transmitida por atividades nas quais esse conhecimento se torne simples e acessível em sua compreensão.

 Um dos casos que bem representa a preocupação em manter uma relação virtuosa com os produtores acontece na região de Divinolândia, pequena cidade vizinha a Poços de Caldas. A APROD – Associação de Produtores de Café de Divinolândia, por meio de um projeto desenhado por Ensei Neto Educação e que conta com o apoio e iniciativa da Dengo Chocolates

O projeto possui diferentes etapas e a primeira tem o foco em melhorar a gestão da qualidade dos cafés produzidos pelos associados em suas unidades tipicamente familiares. Em muitos casos as esposas são responsáveis por conduzir a secagem dos cafés nos terreiros, entre outras tarefas, que foi o ponto de partida para o projeto.
Foi feito treinamento para torrar café com refinamentos em seus clássicos torradores bola e, também, para fazer a degustação dos lotes produzidos em cada sítio com um conjunto muito simples de utensílios como o moedor manual de ferro fundido e um prático sistema de filtro de papel. Esse arranjo permite fazer uma excelente triagem dos lotes vindos do cafezal, facilitando a gestão da produção com foco na qualidade.

Treinamento para a Gestão de Qualidade nas propriedades dos associados da APROD, Divinolândia, SP.

Treinamento para a Gestão de Qualidade nas propriedades dos associados da APROD, Divinolândia, SP.